sábado, 3 de outubro de 2009

PRODUÇÃO TEXTUAL




Todo professor deseja que seus alunos escrevam bem. Todo aluno anseia por assim escrever. O que é escrever bem? Como escrever? Para que escrever? Para quem escrever? E com qual intenção?
Realmente, este processo não é simples para o aluno. No entanto, é comum a exigência de que ele, estando no ensino médio, saiba redigir muito bem. Porém, tal prática é adquirida ao longo do ensino fundamentaL e, no ensino médio, então, tal arte se consolida.
Acredito que bem analisaram os estudiosos Marlene Scardamalia e Carl Bereiter que observaram diferenças básicas entre os escritores maduros e os inexperientes.
Os maduros planejam a escrita: planejam, revisam, consideram elementos como: o assunto, o interlocutor, o objetivo...; os inexperientes buscam assuntos na memória e os escrevem, produzindo textos similares à fala.
Como a escola é o palco da escrita, Scardamalia e Bereiter concluíram que as estratégias utilizadas pelos escritores maduros podem ser ensinadas para os alunos.
E por que não?
A sugestão é trabalhar a escrita de um texto no período de várias aulas (quantas forem necessárias de acordo com a turma), propondo o planejamento da escrita, ou seja, a transformação do conhecimento.

O planejamento é a 1ª das etapas da produção textual que é composta por: planejamento, escrita, revisão e edição.
No planejamento, a prática de leitura e escrita deve ser realizada como uma sequência em que o aluno está sempre tendo oportunidades para pensar e refletir sobre o texto que produzirá, interagindo com o próprio texto e com os colegas.

O aluno (autor do texto) precisa pensar e definir sobre:

.O gênero do seu texto
.Que mensagem quer passar
.Quem ele quer atingir com a mensagem do seu texto

O planejamento requer situações e atividades que devem ser promovidas pelo professor, preparando o aluno para a escrita. Leituras diversas auxiliam o aluno a construir um repertório de informações variadas sobre o mesmo assunto, ampliando seu ponto de vista e sua capacidade de escrever a respeito.

No trabalho com leituras diversas o leitor precisa identificar:
.O gênero do texto
.a que o texto se refere
.a quem o texto se refere
.Qual a intenção do texto
.Realizar, além da leitura das palavras, a leitura dos aspectos visuais do texto (se houver).
.Realizar a leitura dos diferentes significados e sentidos de algumas palavras
.Fazer a transposição do tema sugerido no texto para a atualidade

E mais: o professor pode conduzir o aluno para que ele faça a leitura de textos em 3 níveis:

1º nível: Leitura Objetiva

Leva o aluno a perceber o que está explícito no texto.
É importante para a compreensão, não só promover perguntas cujas respostas estejam explícitas no texto, mas contextualizá-lo para a aluno.
Por exemplo: O que diz o texto? Em que local se passa? Isto acontece/existe na nossa cidade/comunidade?...

2º nível: Leitura Inferencial.

É o momento crucial para o aluno enquanto leitor. Ele precisa perceber o que está implícito no texto e entender qual é a importância da mensagem deste texto escrito. Relacioná-lo com o texto visual ( se houver).
Por exemplo: Por que o autor fez desta forma? O que o autor disse te faz lembrar algo ou alguém? Se sim, o que/quem? Qual a relação entre o texto escrito e o visual? Qual é a intenção/proposta do texto? Podemos realizar a proposta do texto? Como?...

3º nível: Leitura Avaliativa (opinativa/participativa)

Aqui o aluno manifesta seu ponto de vista a respeito das idéias e atitudes expressas pelo texto.
Por exemplo: Você concorda com o que o autor disse? Por que? Podemos fazer diferente? Alcançaremos qual resultado se agirmos diferente? De que forma podemos agir, então? ...



Com isto, o professor pode passar para a 2ª fase: Produção textual

Levar o aluno a pensar:
.O que escrever? Por quê? Para quem? Onde? Como?
.Produção do texto escrito.
.Leitura dos textos produzidos pelos seus autores (aqueles que queiram fazê-lo espontaneamente).
.Reflexão, ou seja, análise lingüística. O que devo mudar no texto para que ele fique claro no que eu quis dizer? O que mudar no texto para que ele fique de acordo com a gramática normativa?

3ª fase: Revisão

Leitura dos textos produzidos (espontaneamente): professor/aluno, aluno/aluno.
Analise o seu texto, levando em conta estes questionamentos:
Meu texto pode ser lido por qualquer pessoa?
E a ortografia? Escrevi corretamente as palavras de modo a representar o sentido que pretendi lhes dar?
Pontuei adequadamente?

E finalmente a 4ª fase: A reescrita.

Fonte de pesquisa:
A Linguagem e o outro no Espaço Escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento/Ana Luisa Smolka, Maria Cecília Rafael de Góes (Orgs). – Campinas, SP: Papirus, 1993.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria Prática 6 – TP6: leitura e processos de escrita II. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

Um comentário:

TEXTOS E CONTEXTOS disse...

Pra você eu tiro o chapéu sempre!
Pela competência, tiro o chapéu.
Pela amizadee simplicidade, tiro o chapéu.
Pela dedicação com as cursistas, tiro o chapéu.
Pelo entusiamo de falar sobre nossa Língua, tiro o chapéu.
Por ser minha formadora e me orientar com tanto empenho, tiro o chapéu mesmo.
Admiro seu trabalho. Beijos Edenirce Maria