O dia 20 de novembro, no Brasil, é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Uma homenagem a Zumbi, personagem histórico que representou a luta do negro contra a escravidão no período colonial.
Todas as escolas brasileiras, acredita-se, realizaram atividades com o objetivo de refletir e conscientizar a sociedade sobre a importância do povo africano que contribuiu e muito para a formação da cultura nacional, da construção da história desse país. Atividades que se realizaram para cumprir a lei 10639/03 que trata da inclusão de conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.
Será que a discriminação racial tem diminuído?
Embora a luta contra a desigualdade tenha gerado pontos positivos como, por exemplo, o aumento no número de negros ou pardos no ensino superior, ainda é negado aos afrodescendentes, o acesso a direitos, bens e serviços.
A pesquisa feita pela Fundação Cultural Palmares, diz: “apenas 4% da programação das três principais emissoras públicas do país (TV Cultura, TVE Rede Brasil e TV Nacional) aborda em entrevistas, programas de auditório e telejornais elementos da cultura negra, mesmo com 49,5% da população ser declarada preta ou parda, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.”
Acredito que um dia para reflexão, embora seja o começo de uma nova história, não é o ideal, pois a tendência é refletir sobre a cultura afro-brasileira no dia 20 de novembro, imaginar que isso basta e, então, deixar a história do negro cair no esquecimento.
A lei 9394/96 ficou bem clara quando do acréscimo do artigo 26-A, § 2º que diz: “Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística, de Literatura e História Brasileiras.”
Sistema de cotas, seja destinado para quem for; colocação de um ou outro indivíduo no topo da pirâmide (como se toda a ação canalizada nele bastasse para dirimir a dívida de toda uma história regada a danos psicológicos, sociais, políticos, materiais e educacionais); um dia exclusivo para reflexão...são apenas procedimentos iniciais.
Na verdade, para que seres humanos não sejam queimados vivos, nem desqualificados por sua cor, crença, origem, sexo, raça e idade, os procedimentos educacionais precisam fazer parte do nosso dia-a-dia.
Destarte, é necessário que a instituição de ensino elabore, execute durante todo o ano letivo e avalie programas e projetos destinados não só aos alunos e professores, mas, também, às famílias dos alunos, funcionários da escola e à comunidade em geral, promovendo, então, reflexões constantes e não estanques, pois são elas que corrigirão posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação. Acredito que, com isso, será possível a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos ...
Quanto ao Estado, espera-se que continue incentivando e promovendo políticas de reparações aos danos causados ao negro, de reconhecimento da necessidade de se fazer justiça, de valorização da diversidade cultural. É direito de todos à educação de qualidade, à formação para a cidadania, ao tratamento igualitário, ao reconhecimento de sua responsabilidade na construção de uma sociedade justa e democrática, em que todos, como reza a LDB, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada, banindo a idéia de superioridade de uma pessoa em relação a outra.
Eu anseio não por um Brasil que precisará decretar dias específicos para reconhecimento de alguns, mas, por um Brasil em que todo dia será comemorado como o dia de todos.
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4 comentários:
Seu texto sobre o Dia da Consciência Negro está muito bom. Realmente ainda temos muito o que fazer para retirar de vez o racismo da cabeça das pessoas.
Obrigada pelo comentário em meu blog, saiba que se vocês ficarem muito falando nessa história de escritora eu vou acabar arriscando entrar nesse mundo, rs...Quem sabe. Vou continuar escrevendo, só vou dar uma paradinha nessas férias e depois continuarei. Beijos, Feliz Natal e Feliz ano novo.
Luzia,
Gostei dos seus textos. Gosto do jeito como você escreve. É suscinta e prática. Dê uma olhada em meu blog e me diz o que achou.
Um feliz natal e tudo de bom em 2009.
Um abraço,
Ana Rita
Oi, Luzia,
Como vai? Descobri seu blog por acaso, jogando meu próprio blog (TECIDO DE PALAVRAS) na busca por blogs do Google...rs. Adorei o conteúdo que encontrei por aqui, pois também sou da área de Letras, embora não lecione e trabalhe com revisão de textos. Sei que não fez por mal em colocar o mesmo nome e eu nem ligo muito, pois sei que vc deve ter passado por aquela frustração de tentar usar o endereço "tecidodepalavras,blogpot" e não conseguiu porque já era meu há quase 3 anos. Sei que é chato, pois já passei por isso. Só que detectei um problema tentando divulgar meu blog: na busca sempre aparecerá s dois e o seu em prejuízo, já que mais novo, aparece bem depois do meu. Então, acho que seria legal para nós duas se você pudesse usar o nome do seu domínio mesmo (tecendo com as palavras), que tb é super bonito e poétido. Achei bacana que o gerúndio de "tecendo" dá a sensação de um tecer constante, uma idéia bem bonita. O que acha? Se não der, não tem problema, claro, pois é um direito seu ter o mesmo bom gosto que eu...rs. Passe visitar meu blog e comente o que achou, tá? Vou gostar de saber sua opinião, já que é da área. Beijos.
Quando é que seremos agraciados com mais um dos seus textos? Já adentramos 2009, prestes a sair do mês de janeiro e ainda não vi postagens estreando em um novo ano...
Quem sabe o que falta é um tema? Quiçá deva escrever sobre volta às aulas, ou sobre renovação, ou até mesmo sobre a necessidade de valorização dos profissionais da educação. São temas corriqueiros e de fácil desenvolvimento. Tente e nos agrade, a todos nós leitores em busca de bons escritos!
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