segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Raízes do Brasil

De Sérgio Buarque de HOLANDA, O livro Raízes do Brasil, além de sociológico, é histórico. Não se limita a uma área de conhecimento,por isso, nos possibilita ir e vir no tempo. O transitar por dois mundos – nosso passado e nosso presente – permite-nos observar situações que ocorreram e outras que ainda ocorrem no país. E por que não caracterizá-lo também como crítico e instigante? É crítico porque nos faz questionar acerca de inúmeras situações vividas por nossos ancestrais, situações que vivemos e situações que viverão nossos filhos e netos. É instigante porque as respostas para tantos questionamentos são, às vezes, obscuras, e outras tantas vezes com possibilidade de mudança. As respostas se tornariam claras, por exemplo, com ensino de qualidade para todos, e com possibilidades de mudanças quando as pessoas perceberem seu real valor na sociedade. Sérgio Buarque de Holanda, num relato diacrônico, deixa à mostra uma sociedade brasileira altamente egoísta, que tem no homem um ser absoluto, isolado, que se basta. É possível perceber claramente que, em tempo de escravidão, somos uma sociedade sem vida, sem idéias, sem sonhos, pelo fato de que culturas foram imputadas. Suscitam algumas indagações como: de que povo esse país é formado? Há negros, brancos, índios, ou seja, a miscigenação é latente. Que tipo de civilização o brasileiro representa? Existem elementos culturais. São contribuições com maior ou menor grau, mas, que promovem o desenvolvimento cultural dessa sociedade. Isso nos leva à necessidade de repensar nossa identidade nacional. Trazendo à memória que a identidade nacional não é um fato puro e simples, imutável, estático, muito menos uma ação imposta a qual você aceita desde seu nascimento. A identidade nacional é construída, por isso é mutável. Destarte, é instigante a visão mostrada no livro sobre a participação do negro na história como “matéria-prima” para o nascimento da sociedade brasileira, e, consequentemente, da sua identidade, pois, a mão de obra exigida no Brasil, por conta dos aventureiros que aqui vieram, não com o intuito de trabalhar, mas de obter lucros, ficou por conta dos negros que devido a questões estratégicas não conseguiram êxito na luta contra tamanha violência, diferente do que aconteceu com os índios que não se deixaram dominar e reagiram à forma violenta imposta pelo escravismo colonial, ainda que sua mão de obra tenha sido abundante no início da lavoura canavial. É relevante a exposição da necessidade do resgate de uma história que até os dias de hoje implica em negação da raça negra. É possível perceber, de forma veemente, a imagem do negro associada às correntes. Há uma dificuldade em se exercer a cidadania quando tal processo exige a formulação de um modelo de origem do afrodescendente. Um fato que pode ser amplamente modificado se o professor em sua sala de aula não se limitar a promover debates sobre essa questão pautando-se apenas pelo livro didático. O livro didático não oferece ao aluno subsídio suficiente para análise da história do país de forma ampla e crítica. Pois, só a ação de desenvolver nos alunos a habilidade de perceber a história de seu país numa visão ampla e crítica tornará possível a consolidação de um país com identidade construída de fato. E da mesma forma, dispensar um olhar crítico sobre o homem aventureiro que passou todo o seu tempo à luz da escravatura, priorizando viver sob horizonte amplo, de forma imediatista. Traspassando, em meio a uma sociedade rural, da escravidão aos movimentos liberais que empreenderam o fim do tráfico negreiro, desperta a família apresentando uma sociedade com perfil machista e patriarca. Nesse espaço de tempo, em meio a tamanha exclusão feminina, há o início da luta pela libertação da mulher. Luta que propõe considerar os direitos daquelas que estão desfavorecidas. O que contribui para tornar o Brasil um país democrático. A democracia assumindo o lugar do autoritarismo. Daí, SBH traz o complexo desse princípio: a democracia que se contrapõe ao personalismo nos levando a novas e constantes reflexões.

Um comentário:

Elisete disse...

Quero desejar felicidades para você professora. Você que é exemplo de luta, força, que não desiste diante das dificuldades da educação. A você, a mim e a todas nós, que esse dia seja especial e que nos renove a continuar buscando uma educação de qualidade. Beijos.